sábado, 26 de maio de 2007

Excerto do livro "O Mistério de Alaizabel Cray"


Desde o início dos tempos que o Homem acredita em algo. Os homens das cavernas temiam o fogo do céu, os peles-vermelhas tinham os seus espíritos-animais, os gregos e os romanos tinham os seus deuses, os aztecas, os seus ídolos, nós, as nossas igrejas...

Sempre tivemos alguém para culpar!

Quando uma onda gigante destruía uma aldeia, era porque os deuses estavam zangados, não porque nós não a termos construído suficientemente longe da costa.

Quando um bebé morria por causa da febre, era porque a aldeia era pecaminosa, não por ter sistemas de filtragem de água inadequados. Quando cometíamos um pecado terrível, quando sentíamos o peso da vergonhae da culpa, podíamos espiar esses sentimentos. Podíamos ser perdoados. Não era importante aquilo em que acreditávamos, mas apenas o facto de acreditarmos.

(...)

O triunfo da ciência. Já não precisávamos de temer que um deus nos atacasse do céu. O Homem assumia o papel de Deus. Agora nós temos o poder de arrasar cidades, de pôr fim a milhares de vidas de uma só vez. O bom do Charles Darwin explicou a vida! A ciência dá passos de gigante todos os dias, e a cada passo se afasta mais do caminho de antigamente. A ciência retirou-nos a necessidade de acreditar seja no que for, porque agora tudo é explicável.

O que é que resta?

Quem é que ainda existe para nos livrar da culpa e da angústia?

Quem é que podemos culpar senão nós?

(...)

A humanidade ainda não tem maturidade suficiente para assumir a responsabilidade pelos seus erros.

Temos de acreditar em algo superior a nós. Ao darmos grandes passos na ciência, ao explicarmos tudo, ficámos em nada. Uma escravidão de fábricas, orfanatos, fuligem e nevoeiro. Se é só nisso que consiste a existência, valerá realmente a pena existir? Valerá a pena arrastarmo-nos por todo o sofrimento, só para chegarmos à conclusão de que o fim não justifica o esforço para lá chegar?


Chris Wooding

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Perdida...



Para quê falar? Se ninguém me ouve?

Para quê chorar? Se ninguém me vê?

Par quê sofrer? Se ninguém quer saber?


Sou uma alma que vagueia,

Perdida na escuridão,

Triste, incompreendida,

A quem nunca dão razão...


Sempre que a minha alma sobe um degrau

Encontra mais uma escadaria sem fim

Será isto que está destinado para mim?

Obstáculos e mais obstáculos?

Desilusões atrás de desilusões?


As desilusões são uma aprendizagem, devem servir para avançar e não para recuar.